2. Gases
 
 Os gases destinados à utilização doméstica, industrial, medicinal, etc., são liquefeito, uma vez que neste estado ocupam muito menos espaço, com vantagens para o seu transporte e armazenamento. 
 
 Quanto às suas propriedades químicas um gás pode ser classificado em: 
 
 - Gases inflamáveis – gases de petróleo liquefeito, gás natural; 
  
 
 - Gases não inflamáveis – dióxido de enxofre; 
 - Gases oxidantes (alimentam a combustão) – oxigénio; 
  
 
 - Gases inertes - azoto, dióxido de carbono; 
  
 
 - Gases reactivos (reagem violentamente com outras substâncias ou mesmo entre eles) – Flúor; 
 - Gases tóxicos – cloro, monóxido de carbono, amoníaco; 
 - Gases corrosivos – ácido sulfúrico. 
  
 
 Quanto às suas propriedades físicas um gás pode ser classificado em: 
 
 - Gases comprimidos, no estado gasoso, sob pressão e à temperatura ambiente dentro do contentor – oxigénio, acetileno; 
- Gases liquefeitos sobre o aumento de pressão ou abaixamento de temperatura. Um gás liquefeito é muito mais concentrado que um gás comprimido; 
- Gases criogénicos – são gases liquefeitos contidos num contentor a temperaturas muito abaixo da temperatura ambiente, mas ligeiramente acima do seu ponto de ebulição e sob uma baixa pressão – oxigénio, azoto. 
 
 Quanto ao uso um gás pode ser classificado em: 
 
 - Gases inflamáveis para uso doméstico e industrial – gás natural, propano e butano; 
 - Gases industriais, utilizados em soldaduras, cortes, processos químicos, tratamentos de água – cloro, acetileno, árgon; 
 - Gases medicinais, utilizados em anestesias e terapia respiratória – oxigénio, ciclopropano, protóxido de azoto;
Os gases combustíveis para uso doméstico ou industrial são agrupados em três famílias, cujos nomes e características médias se indicam: 
 
 Família do Gases - Tipo de Gás - Poder Calorífico - Densidade em Relação ao Ar 
 1.ª  - Gás de cidade - 3 800 kcal.m-3 - 0.5 
 2.ª  - Gás Natural - 10 000 kcal.m-3 - 0.6 
 3.ª  - Propano Comercial - 17 000 kcal.m-3 - 1.55 
 3.ª  - Butano Comercial - 22 000 kcal.m-3 - 2.05 
 
A densidade em relação ao ar mostra que o gás de cidade e o gás natural ocupam, em caso de fuga, níveis superiores. O propano e o butano, por serem mais densos do que o ar, fluem para os locais mais baixos do solo ou dos edifícios, podendo originar perigo de explosão. 
 
Os sistemas de armazenamento e de distribuição de gás para uso doméstico e/ou industrial devem ser objecto de formação prática em cada corpo de bombeiros. 
 
 BLEVE - Boiling Liquid Expandind Vapor Explosion 
 (traduz-se para português por "explosão de gás ou vapor em expansão proveniente de liquido em ebulição") 
 
  
 
 
A avaliação sistemática dos riscos inerentes aos gases compreende a distinção entre o risco apresentado pelo gás confinado num contentor, mesmo que ambos os riscos possam estar presentes no mesmo acidente. O BLEVE representa um dos riscos de um gás ou vapor confiado num contentor, caso se dê a sua ruptura e consequente ebulição quase instantânea da quase totalidade do gás liquefeito. 
 
 O BLEVE pode ocorrer se estiverem conjugados os seguintes factores: 
 - Sobreaquecimento do líquido devido à exposição do depósito às chamas; 
 - Rápido abaixamento de pressão no depósito rotura). 
 
 É condição necessária para que ocorra o BLEVE que as substâncias estejam encerradas em reservatórios. 
 Existem duas categorias de matérias que podem originar um BLEVE: 
 - Todos os gases liquefeitos, combustíveis, contidos em depósitos à temperatura ambiente (butano, propano, GPL); 
 - Líquidos combustíveis colocados acidentalmente em contacto com uma fonte de calor considerável (gasolina). 
 
 A acção a tomar para prevenir um BLEVE consiste em arrefecer as paredes exteriores da cisterna ou do contentor com grande quantidade de água. Para tal, haverá que tomar as seguintes preocupações: 
 - Avaliar se a ocorrência de um BLEVE está iminente; 
 - Dispor de água suficiente; 
 - Posicionar as agulhetas nas laterais do depósito e não nos topos; 
 - Utilizar as agulhetas em jacto para actuar à maior distância possível. 
 
 Atenção: 
 Em caso de subsistir a mínima duvida sobre a eminência da ocorrência do BLEVE, a medida imediata a tomar é EVACUAÇÃO DO LOCAL. 
 
 A intervenção em caso de incêndio resultante da fuga de gás inflamável consiste em: 
- Controlar o calor libertado pelo incêndio, através da aplicação de água no contentor e nos combustíveis expostos ao fogo e ao calor; 
- Se possível, interromper o fluxo de gás. Se tal não for possível, deverá ser efectuada uma barreira de protecção e arrefecimento, no sentido de evitar a propagação para instalações vizinhas; 
 - A maior parte dos incêndios em gases podem ser extintos recorrendo a agentes extintores (pó químico e CO2); 
 - Deve ser considerada a possibilidade de uma explosão se a fuga de gás continuar após a extinção do incêndio.
Dada a sua aplicação na indústria, os gases industriais têm maior probabilidade de estarem envolvidos em acidentes implicando a intervenção dos bombeiros. 
 
 É o caso do acetileno, do cloro e do hidrogénio. 
 
 Acetileno 
 
  
 
 
 Este gás é reactivo, inflamável, apresenta-se comprimido e é industrial (utilizado em soldaduras e cortes). 
 Perante um acidente com este gás deve-se: 
 - Arrefecer do cilindro com água e fecho da válvula de saída, se possível; 
- Se não for possível parar a fuga, remover o cilindro para o ar livre, continuando a aplicação de água, até não haja mais fluxo. 
 
 Cloro 
 
  
 
 
 Este gás é reactivo, não inflamável, liquefeito, tóxico e industrial. 
É utilizado em aplicações industriais, como no branqueamento da pasta de papel, corantes, plástico e borracha sintética, e em águas potável, de piscinas e de esgotos. 
 Perante um acidente com este gás deve-se: 
 - Utilizar água pulverizada; 
 - Ter cuidado com a aplicação de água em cloro liquido, pois acelera a sua evaporação; 
 - O tamponamento de fugas exige treino e equipamento adequado (fato de protecção, luvas especificas e aparelho respiratório). 
 
 Hidrogénio 
 
  
 
 
 Este gás é inflamável, apresenta-se comprimido, é criogénico e industrial. 
 É utilizado em processos industriais, como na hidrogenação de margarinas, e como combustível de alguns veículos. 
 Perante um acidente com este gás deve-se: 
 - Em caso de fuga, ou se incendeia imediatamente ou se eleva na atmosfera; 
 - O hidrogénio liquido criogénico é ligeiramente mais pesado que o ar; 
- Formar uma neblina de vapor de água ao longo do solo, visível a distâncias que dependem das dimensões da fuga e das condições meteorológicas; 
Se a mistura hidrogénio/ar se estender para além do espaço ocupado pela nuvem visível, a situação deve ser controlada por meio de água pulverizada; 
 - Deve aplicar-se água em recipientes expostos ao fogo; 
- Como o hidrogénio arde com chama muitas vezes invisível e com baixo nível de radiação de calor existe o risco de se entrar inadvertidamente na zona incendiada. 
 
 Redes de distribuição de gás 
 
 As redes de distribuição de gás são constituídas pelos seguintes elementos: 
- Fonte de abastecimento - tanto pode ser um ramal de uma rede pública de distribuição como de um posto directo constituído por um reservatório fixo ou uma cabina de garrafas; 
 - Tubagem - em diversos materiais, com diâmetros normalizados, condicionados ao tipo de gás usado e ao local de aplicação; 
- Dispositivos de corte e regulação - destinam-se a regular a pressão de distribuição do gás e a abrir ou cortar a passagem do combustível para qualquer ramal; 
 - Contadores - destinam-se a medir o consumo de gás em redes. 
 
  
 
 
As redes de distribuição de gases de petróleo liquefeitos classificam-se quanto à pressão de serviço e ao modo de montagem em enterradas, embebidas e à vista. Por outro lado, uma rede de distribuição divide-se normalmente em: 
 - Rede externa, que se considera a fonte de abastecimento até à entrada dos edifícios; 
 - Rede interna, o troço restante até às utilizações.
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